sábado, 17 de julho de 2010

C.H. Spurgeon - Hindhead
17.7.10 | Postado por: (-F-)

Extraído do Sword and Trowel de Julho de 1869

NUM DOS DIAS MAIS QUENTES de um Julho abafado, dois de nós, cansados e desgastados de uma longa e empoeirada caminhada pela estrada de Portsmouth, chegamos finalmente ao topo do Hindhead. Nenhuma árvore ou arbusto à vista, e o sol derramando sem remorso um dilúvio de fogo; não havia sinal de sombra, exceto por uma enorme cruz de pedra que guarnecia o cume do Hindhead. Aquela cruz foi elaboradamente adornada com inscrições em latim, e era precisa e clássica no formato; mas sua sombra era estreita demais para fornecer cobertura perfeita mesmo para um, menos ainda para dois. A sombra era mais refrescante, mas não havia o bastante, e um viajante poderia, queimado como estava, ficar em pé ou deitado sob os raios ardentes do sol, pois não havia lugar para ele na sombra fresca. Assim deve ser com o evangelho de Jesus, como demonstrado por alguns ministérios. Jesus é anunciado eloquentemente, mas a liberdade de Sua graça e o poder abundante de Seu sangue não são aplicados; ou pode ser que a Teologia Sistemática seja o ídolo do pregador, e Cristo é reduzido à crença; o rigor da doutrina é alimentado, mas o Cristo que é anunciado não possui nenhuma amplitude de amor, nenhuma amplidão de sombra para o repouso de pecadores cansados. Ao mesmo tempo, muitos removem o caráter sólido da expiação completamente e, enquanto objeta abrangência, nos dá ao invés de uma cruz de granito, uma mera neblina sem nenhuma sombra. A verdadeira ideia escritural da expiação é: “A sombra de uma grande rocha numa terra cansada.” O lema do Evangelho de Jesus é: “E ainda há lugar.”

Ah, a bendita sombra da cruz de Cristo! Todos os rebanhos do Senhor deitam-se sob ela, e descansam em paz; milhões de almas são por ela libertas do calor da vingança, e inúmeras mais nela encontrarão um abrigo da ira vindoura. Querido leitor, você está na sombra do Crucificado? Ele se põe entre Deus e sua alma para desviar de você os raios ardentes da justiça, que os seus pecados tão ricamente merecem, suportando-os Ele mesmo? Se você perecer pela necessidade de abrigo não será porque faltou lugar para você em Cristo, pois nenhum pecador jamais foi lançado fora por esta razão, e nenhum jamais será. Se você morrer no calor feroz da ira divina, você só poderá culpar a si mesmo, pois há a sombra da grande propiciação, fria e refrescante, e a todo momento ela é acessível por simples fé. Se você se recusa a crer, e se considera indigno da salvação, seu sangue jazerá em sua própria porta. Venha, agora, para o abrigo certo e bendito, a fim de que a insolação do desespero não o murche. Uma vez sob a sombra de Jesus, o sol não te afetará durante o dia, nem a lua durante a noite; tu habitarás sob a sombra do Todo-Poderoso. “O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita” (Sl. 121:5). Deixe aquele que alegremente encontra o abrigo da cruz cantar e orar de todo o seu coração.

“Onde está a sombra daquela rocha
Que do sol defende seu rebanho!
De alegria eu me alimentaria entre suas ovelhas,
Entre elas descanso, entre elas durmo.”

De meu caderno. —C. H. S

Por: C. H. Spurgeon
Original:
Hindhead. Website: spurgeon.org
Tradução:
voltemosaoevangelho.com
Permissões:
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Contextualizar: Diversas Opiniões
16.7.10 | Postado por: Filipe


Mark Driscoll
CONTEXTUALIZANDO O EVANGELHO
COMO O CRISTIANISMO PODE SER
RELEVANTE PARA A CULTURA ATUAL?
Tim Keller
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O QUE É LEGAL?
Michael McKinley

Mostre-me um homem adulto com barbicha, e eu te mostrarei um jogador de basquete. Mostre-me um homem adulto de barbicha usando sandálias e eu te mostrarei um pastor de jovens.

Quando eu era criança, lembro que o pastor de jovens da minha igreja era totalmente diferente de qualquer outro pastor que eu já tinha visto. Ele citava bandas de rock e ia para a igreja de jeans. Ele era legal de uma forma que os outros adultos no meu convívio não eram. Eu tinha orgulho de chamar meus amigos para a igreja e ver seus estereótipos negativos dos cristãos irem por água abaixo. O grupo de jovens crescia e as crianças ‘de fora’ eram alcançadas. O diferencial do nosso grupo em relação aos outros era que nosso pastor era legal.

Conforme os jovens (e os pastores deles) dos anos 90 se tornaram a igreja e seus pastores nos anos 2000, esse fenômeno aparentemente só cresceu. Agora é uma idéia sem discussão em muitos lugares: a melhor forma de alcançar as pessoas é ser como elas. Para atingir nossa cultura, devemos incorporar o que a cultura define como aceitável e de valor. Devemos ser o mais “legal” possível sem abrir mão do evangelho. Dessa forma, as pessoas vão olhar para nós e não se sentirão rejeitadas. Talvez até queiram ser como nós.

Isso se mostra tanto na vida dos nossos pastores (você rapazes super legais, estou falando sobre vocês e seus óculos de emo) como no louvor da congregação, de onde nós tentamos retirar qualquer coisa que pareça estranho para o visitante que não é da igreja.

De certa forma, eu acho que é bom estarmos relacionados com a cultura ao nosso redor. Mas existem diversas formas que um compromisso em ser legal pode conflitar com o chamado pastoral. Sendo o cara legal do grupo do 9Marks (o que é quase como ser o cara que tem namorada em uma convenção de Jornada nas Estrelas), aqui vão algumas idéias:

1. Estar em contato com a cultura é uma espada de dois gumes.

De alguma forma, todos nós carregamos conosco um conjunto único de interesses, talentos, características e pontos fortes. Esse conjunto pode servir para a proclamação do evangelho, ou atrapalhá-la. Por exemplo, ontem o rapaz da assistência técnica da copiadora passou pela igreja onde sou pastor. Ele é um jovem rapaz que gosta de luta livre. Criamos uma afinidade por conta disso (um dos rapazes de nossa igreja também gosta de artes marciais), e ele se surpreendeu com o fato de que o pastor era tatuado. Compartilhei sobre Cristo com ele, e ele me pediu uma Bíblia. Ponto para a imersão cultural.

Mas há outras formas em que a minha aparência por atrapalhar o evangelismo. Tenho conversado sobre Cristo com um muçulmano que faz sauna no mesmo horário que eu na academia, uma ou duas vezes por semana. Temos certo nível de amizade e quase sempre conversamos sobre questões espirituais. Não tenho a menor dúvida que o fato de haver uma grande raposa tatuada no meu bíceps não o torna mais interessado na minha fé. Um ponto para quem não tem tatuagens. É por causa disso que uso camisa de manga comprida nas manhãs de Domingo. Em um momento, minhas tatuagens me ajudam; em outro, pode dificultar as coisas.

2. Devemos sempre estar alertas contra o orgulho.

Quanto do desejo de um pastor em ser visto como legal ou descolado é motivado por vaidade ou orgulho? Conhecendo a profundidade de nossa depravação, auto-engano e orgulho, devemos sempre nos examinar. O motivo que me leva a me vestir de certa forma ou ouvir determinada música é um bom motivo? Ou alguma parte de mim quer, no mínimo, evitar comparações com Ned Flanders? Devemos estar conscientes que nossa busca pelo legal não deve alimentar a vaidade e o orgulho com os quais devemos lutar diariamente.

De fato, eu temo (e aqui eu falo de algo que vejo em meu próprio coração) que algumas vezes nós somos, nem que seja um pouco, motivados a buscar as pessoas pelo orgulho. Quanto de nosso desejo de sermos legais é um desejo de alcançar pessoas não para a glória do evangelho, mas por nossa própria glorificação? Uma pergunta íntima para qualquer pastor: se o Senhor te chamasse para pastorear 60 crentes chatos até que eles estivessem a salvo, sem qualquer avivamento espetacular ou explosão ministerial, você levaria a sério esse chamado? Ou seria um aparente desperdício de seus dons e de sua vida? Se sim, você está sendo motivado pelo orgulho.

3. Muito do ministério pastoral é extremamente fora de moda.

Nem pense em se tornar um pastor se você quer soar razoável para a maioria das pessoas ou se você quer influenciar um grande grupo de pessoas legais e seus ideais. A proclamação da Cruz é loucura para uma grande parte da comunidade artística hipster. Devemos amar mais o Salvador do que nosso respeito pelos outros.

Além disso, grande parte da atitude que envolve ser muito legal não tem muito a ver com o trabalho de um pastor. Algumas vezes, você deverá ser embaraçosamente empolgado. Você deverá amar as pessoas chatas e extremamente estranhas com um amor real e que não busca rir delas. Você deve chorar com as pessoas quando elas sofrem tragédias inexplicáveis. Muito do que é ser pastor é profundamente “não legal”.

4. Não devemos desprezar nossos irmãos e irmãs de forma alguma.

Há um grande perigo de nos tornarmos tão orgulhosos de nossa liberdade em Cristo para usar roupas pretas que nós começamos a tratar com pouco caso os cristãos estilo Ned Flanders que amam o Senhor e o serviram fielmente por anos. De fato, talvez o Senhor se agrade mais do humilde (mas não tão sofisticado) caminhar deles do que do seu. O fato é, o amor pelos outros cristãos é uma marca do verdadeiro crente (1 João 2.10). Essa marca deve ser ainda mais profunda no pastor. Temos mais em comum com um crente do Myanmar e outro em Duluth (mesmo que você não saiba onde ficam esses lugares, ou até mesmo que eles existam) do que com as pessoas que tentamos alcançar para Cristo.

A grande questão é: nós não podemos escolher quem estará em nosso rebanho, e nem deveríamos tentar. A igreja deveria buscar alcançar “o cara”, diminuindo e desprezando o rapaz comum e sem graça que está lá todo Domingo? Se lermos Efésios com atenção, veremos que a igreja consiste de todo tipo de pessoas: legais e chatos, machos e sensíveis, punks e emos. Sinceramente, baseado na minha experiência, o cara sensível que não se esforça para ser muito legal é provavelmente 10 vezes mais parecido com o perfil bíblico de como um homem deve ser, mesmo que ela não ande de moto e assista esportes violentos na TV. Pastoreie o rebanho, agradeça a Deus pela diversidade do corpo de Cristo e ame as pessoas que não são como você.

5. Com algumas poucas exceções, cristãos que tentam ser legais são péssimos nisso.

Quando estava no ensino médio, um rapaz bem intencionado tentou realizar a performance do que ficou conhecido no Colégio Radnor Junior como o infame “rap de Jesus”. Eram os primeiros dias do sucesso do hip-hop, e o gênero nem tinha se formado totalmente ainda. Bem, esse homem, um rapaz branco e magro, atrasou em uns dez anos o desenvolvimento do hip-hop em cinco excruciantes minutos. Mais tarde descobri que o que ele cantou não havia sido escrito por ele mesmo (graças aos céus), mas mais tarde acabou sendo lançado em disco por outro rapaz.

O ponto é: nem todos os cristãos são bons nisso. Alguns conseguem, mas provavelmente você não consiga. Sério, pergunte a sua esposa. Ela te dirá a verdade. Não tente ser algo que você não é apenas para impressionar os não crentes. É uma má aplicação da teologia e não vai enganar ninguém. É esse tipo de pensamento que produziu a maior parte da música gospel que ouvimos por aí. Por favor, pare. Não, é sério. Agora. Eu insisto.

6. Ser como a cultura pode tornar mais difícil enxergar o evangelho.

Quanto mais entendemos o mundo (e a sua definição do que é atraente e o que é legal), menos devemos nos sentir atraídos por ele. Em uma sociedade que está cada vez mais falida, moralmente e espiritualmente, são as nossas diferenças com a cultura que servem para espalharmos o evangelho. David Wells fala melhor sobre isso do que eu poderia, eu seu livro God in the Wasteland:

No ponto em que chegamos, os evangélicos deveriam estar ansiosos por um avivamento genuíno na igreja, desejando que ela seja novamente um lugar de seriedade onde uma ávida aversão ao padrão desse mundo é cultivada, porque se entende os padrões do mundo, e onde a adoração é separada de tudo que é extravagante, onde a Palavra de Deus é ouvida com atenção, e onde os desolados e desamparados podem achar refúgio.

Oremos para que nossas igrejas recuperem a qualidade de ser avidamente adversa ao padrão desse mundo, mesmo que isso não seja legal.

A conclusão disso tudo é: seja que Deus te fez para ser. Se você é um pouco hipster, que seja. Seja um hipster para a glória de Deus. Se você está indo em outra direção, que bom. Mas Cristo deve ser o centro de tudo aquilo que você busca em seu chamado pastoral. Isso significa sacrificar nosso orgulho e irmos atrás daqueles que não são como nós. Isso significa evangelizar além dos limites de nossos gostos e preferências. E no fim das contas, isso pode nos levar a não sermos legais.

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quinta-feira, 15 de julho de 2010

* * * * * * Tullian Tchividjian - Contextualizar sem Comprometer




Nos dias 26 e 27 de abril de 2010, eu tive o privilégio de me juntar a homens que eu admiro e respeito, na conferência Advance the Church ("Avance a Igreja" N.T.), em Durham, Carolina do Norte. Minha tarefa foi falar sobre “contextualização sem comprometer”. Eu trato dessa questão mais longamente em meu livro “Unfashionable: Making a Difference in the World by Being Different" (“Fora de moda: Fazendo a Diferença no Mundo Sendo Diferente" N.T.). Os organizadores da conferência pediram-me para compartilhar alguns dos meus pensamentos sobre contextualização. Então, feliz ou infelizmente, aqui estão eles (retirados diretamente do capítulo 8 de Unfashionable).


O princípio por trás da exortação de Paulo em 1 Coríntios 9.22, “fiz-me tudo para com todos”, é o que os pensadores cristãos chamam de “contextualização”. Contextualização é a ideia de que nós precisamos estar traduzindo a verdade do Evangelho em uma linguagem compreendida por nossa cultura. Missionários transculturais e tradutores da Bíblia têm feito isso por séculos. Eles pegam a verdade imutável do Evangelho e a colocam em uma linguagem que se encaixa no contexto que eles estão tentando alcançar. Contextualização simplesmente significa traduzir o Evangelho – tanto em palavras quanto em obras – em termos compreensíveis e apropriados à audiência. É a tradução do Evangelho que é sensível ao contexto.


Genna, minha filha de oito anos, ama ir à Escola Dominical por diversos motivos. Ela ama ver seus amigos e cantar suas músicas favoritas. Mas ela também ama aprender de seu professor que é capaz e criativo. Ele trabalha duro para usar linguagem, conceitos e ilustrações que ela e as outras crianças na classe entenderão, ao mesmo tempo em que ensina fielmente a Bíblia. E como resultado, Genna aprende. Ela anda domingo após domingo animada com o que aprendeu. Isso emociona Kim e eu. Nós dois somos gratos pelo fato do professor de Genna compreender a necessidade de contextualização.


De forma similar, toda tradução bíblica para o português é um esforço para contextualizar as Escrituras (originalmente escritas em hebraico e grego por povos antigos) para uma audiência de fala portuguesa nos dias de hoje.



Contextualizar também envolve construir relacionamentos com pessoas que não creem. Nós não esperamos que elas venham até nós; nós vamos até elas. Nós as conhecemos onde elas estão. Nós entramos no mundo delas procurando nos identificar com suas lutas, gostos, desgostos, ideias. Chuck Colson fala disso como entrar nas “histórias” das pessoas:
Nós precisamos entrar nas histórias da cultura que nos cerca, o que envolve dar ouvidos. Nos ligamos com a literatura, a música, o teatro, as artes e com as questões que expressam as esperanças, sonhos e medos existentes na cultura. Isso constrói uma ponte pela qual podemos mostrar como o Evangelho pode entrar e transformar aquelas histórias.
Edith Schaeffer, esposa do antigo Francis Schaeffer, escreveu sobre uma visita que os dois fizeram a São Francisco em 1968. Uma noite eles foram à Fillmore West para sair com os drogados e hippies, e assistir a um espetáculo de luz. Ela registra quão partido estava o coração deles enquanto eles testemunhavam “a perdição da humanidade na busca por paz onde não há paz”. Ela concluiu: “Um tempo para ouvir é preciso – ouvir o que a próxima geração está dizendo, ouvir as palavras da música que eles estão ouvindo, ouvir o significado por trás das palavras. Se a verdadeira comunicação deve continuar, há uma linguagem a ser aprendida”.


A contextualização começa com um coração partido em favor dos perdidos e um desejo dirigido a ajudá-los a compreender a verdade libertadora de Deus. Somente através de um verdadeiro ouvir e aprender nós podemos esperar comunicar persuasivamente a Palavra imutável de Deus para nosso mundo em constante mudança.


Infelizmente, alguns cristãos bem intencionados concluem o contrário. Para esses cristãos, contextualização significa a mesma coisa que comprometer. Eles crêem que isso significa dar às pessoas o que elas querem e falar a elas o que elas querem ouvir. O que eles não entendem, porém, é que contextualização significa dar às pessoas as respostas de Deus (que elas podem não querer) para as questões que elas estão realmente perguntando, em formas que elas podem entender.


Essa má compreensão da contextualização tem levado essas pessoas a argumentarem que reflexão cultural e contextualização são, na melhor das hipóteses, distrações, e na pior, pecaminosas. Eles nos admoestam a abandonar essas coisas e focar simplesmente na Bíblia. Apesar disso soar virtuoso, acaba sendo tolo por duas razões. Primeira, como já vimos, a própria Bíblia nos exorta a entender nossos tempos de modo que possamos alcançar nosso mundo mutável com a verdade eterna de Deus. Não contextualizar, portanto, é um pecado. E segunda, todos nós vivemos inescapavelmente em um quadro cultural particular, que molda a forma como nós pensamos sobre tudo. Então, se não trabalharmos duro para entendermos nosso contexto, não iremos apenas falhar em nossa tarefa de comunicar eficazmente o Evangelho, mas também acharemos impossível evitar sermos negativamente moldados por um mundo que não entendemos.


Em uma entrevista recente, o pastor Tim Keller disse isso da seguinte forma:

"contextualizar demais para uma nova geração significa que você pode acabar idolatrando a cultura deles, mas contextualizar de menos significa que você pode acabar idolatrando a sua própria cultura. Então, não há como evitar isso”.
Quer traduzindo a Bíblia ou desenvolvendo relacionamentos com não cristãos, nós devemos ter uma mente missionária em tudo o que fazemos. Isso dá trabalho – o duro esforço de manter a grande fotografia e comunicar compreensivelmente e convincentemente àqueles que não compartilham nossas convicções e cosmovisão. Portanto, todo dia e em toda circunstância, precisamos estar conscientemente e rigorosamente traduzindo nossa fé na linguagem da cultura que estamos tentando alcançar.


Este é o desafio: se você não contextualizar o suficiente, a vida de ninguém será transformada porque eles não lhe entenderão. Mas se você contextualizar demais, a vida de ninguém será transformada porque você não estará desafiando seus pressupostos mais profundos e chamando-os à mudança.



Ser “tudo para com todos”, portanto, não significa se encaixar nos padrões caídos deste mundo de modo que não há mais diferença distinguível entre cristãos e não cristãos. Apesar de vivermos “no mundo”, nós precisamos evitar o extremo da acomodação: ser “do mundo”. Isso acontece quando cristãos, em sua tentativa de fazer um contato apropriado com o mundo, saem do seu caminho para adotar estilos, normas e estratégias mundanas.


Quando cristãos tentam eliminar as características contra-culturais e antiquadas da mensagem bíblica porque aquelas características são impopulares na cultura mais ampla – por exemplo, quando nós reduzimos o pecado a uma falta de auto-estima, negamos a exclusividade de Cristo ou ignoramos a realidade da verdade absoluta e cognoscível – nós nos movemos da contextualização para o comprometimento. Quando nos acomodamos à nossa cultura, abandonando temas chaves do Evangelho, tais como sofrimento, humildade, perseguição, serviço e auto-sacrifício, nós, na verdade, fazemos nosso mundo mais mal do que bem. Por causa do amor, o compromisso deve ser evitado a todo custo.


Como a Bíblia ensina, o Senhorio de Cristo tem um sentido de totalidade: a verdade de Cristo cobre todas as coisas, não apenas coisas “espirituais” ou “religiosas”. Mas ele também tem um sentido de tensão. Como Senhor, Jesus não apenas nos chama para Si mesmo, Ele também nos chama para romper com tudo o que entra em conflito com Seu Senhorio.


Contextualizar sem comprometer é o objetivo!




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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Padrão para a Pregação.


por Vincent Cheung

Retenha, com fé e amor em Cristo Jesus, o modelo da sã doutrina que você ouviu de mim. Quanto ao que lhe foi confiado, guarde-o por meio do Espírito Santo que habita em nós.


(2 Timóteo 1.13-14)




Paulo tinha estabelecido um “modelo da sã doutrina” para Timóteo seguir. Visto que esse padrão é autoritativo por proceder da inspiração do Espírito Santo, o que podemos dizer com respeito a ele também se aplica aos ensinamentos dos profetas e dos apóstolos, visto que eles também ensinaram por inspiração divina.

A Bíblia fornece um padrão ou modelo de sã doutrina. Ela diz a todos os crentes e especialmente aos ministros para pregar a palavra. Por definição, a pregação da Escritura é distinta da própria Escritura. Portanto, pregar a mensagem da Bíblia não é o mesmo que citar a Bíblia, e pregar um sermão não é apenas ler a Bíblia para uma audiência. Um sermão não é um arranjo de citações da Escritura; antes, o pregador produz a mensagem sobre a base do que ele aprendeu da Escritura. A comunicação fiel do evangelho não consiste de uma repetição verbatim da Bíblia, pois se esse fosse o caso, mesmo conversações ordinárias sobre as coisas de Deus seriam eliminadas.

A ideia bíblica de pregação deixa certa liberdade de variação em termos de expressão, ênfase e coisas semelhantes. Não existe nenhuma base bíblica para fazer do chamado método expositivo de pregação uma prescrição para o que deveria ser um sermão, embora ele represente o que um sermão poderia ser, precisamente devido à liberdade que a Escritura concede nessa área. Todas as tentativas de estabelecer um caso bíblico em favor do método expositivo que examinei inferem muito mais dos textos da Escritura do que eles realmente dizem.

Além disso, juntamente com essas tentativas, uma razão dada pela qual esse método é preferido é que ele é a melhor forma de permanecer fiel à Escritura em nossa pregação. Isso é aceitável como uma opinião, e é de fato uma forma de permanecer fiel à Escritura. Contudo, se usar o método expositivo torna-se uma regra quanto ao que um sermão deve ser, e que outras formas são inferiores ou mesmo erradas, então essa preferência pelo método expositivo tornou-se uma tradição humana antibíblica. Os fariseus também adicionaram regras humanas à palavra de Deus e alegavam que elas eram úteis ou mesmo necessárias, mas Jesus disse que elas tinham o efeito oposto. É verdade que algumas formas de sermão são de fato inferiores e errôneas, mas elas fracassam por seus próprios defeitos, e não por serem diferentes do método expositivo.

Outras razões têm sido promovidas para recomendar o método expositivo. Por exemplo, é dito que sermões expositivos, e especialmente exposições de livros bíblicos inteiros, expõe os ouvintes diretamente a passagens completas da Escritura no contexto apropriado, e dessa forma aumenta a familiaridade deles com a Bíblia, e capacita-os a conhecer e compreendê-la melhor. Esse é um benefício prático, e o pregador poderia preferir o método por causa disso. Contudo, isso ainda não requer que ele use o método. É de fato responsabilidade do pregador aumentar a familiaridade com a Escritura em seus ouvintes, mas nada na própria Escritura requer que ele o faça dessa forma.

O pregador não deve se prender a opiniões e tradições de homens, não importa quão bem intencionadas sejam elas. Se ele usa o método expositivo, é porque ele prefere este por suas próprias razões e baseado em seu próprio julgamento ao pensar que pode cumprir melhor o seu ministério com ele, e não porque é pressionado a fazê-lo. E se ele não pode seguir ou descobrir um método que lhe seja adequado e que siga o padrão da sã doutrina, então ele nem mesmo deveria ser um pregador.

Dessa forma, a Bíblia fornece um padrão ou modelo de sã doutrina, e isso deixa lugar para certa liberdade de variação no método e expressão. Dito isso, o padrão é muito mais que um esboço. É muito mais que um esqueleto – os detalhes sendo preenchidos. Ele é um padrão altamente desenvolvido e um modelo plenamente suficiente. Portanto, embora permita certa medida de fluidez na apresentação, e embora seja adaptável a todos os tipos de conversações, não há espaço para variação, adição ou subtração em sua substância. Isto é, seguir o padrão bíblico de sã doutrina é conformar-se exatamente às suas ideias. Há flexibilidade somente na apresentação.

Para ilustrar. Pedro disse: “Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4.12). Podemos comunicar essa ideia citando o versículo, mas é aceitável também dizer: “A Bíblia ensina que Jesus Cristo é o único caminho para a salvação”. E permanecemos fiéis ao padrão que esse versículo estabeleceu quando afirmamos: “Maomé não pode te salvar. Buda não pode te salvar. Maria não pode te salvar. Somente Jesus Cristo pode te salvar da condenação eterna”. Essas declarações não são encontradas na Escritura, mas se conformam às ideias exatas da Escritura, e não adicionam ou subtraem a substância do que a Escritura ensina.


Visto que a pregação envolve nossa própria expressão de ideias bíblicas, é ainda mais importante que aprendamos essas ideias com precisão, e que cuidemos para preservá-las e promovê-las sem contaminação, guardando-as com vigilância zelosa. Se a pregação é mera leitura da Bíblia ou se envolve apenas exegese rígida, então até mesmo não cristãos podem realizá-la. O que a Bíblia diz sobre as qualificações do ministro não fariam sentido então. Contudo, a qualidade da pregação de fato depende da qualidade do pregador, e isso é verdade porque pregar o evangelho não é apenas ler a Bíblia, mas digerir suas ideias e então transmitir e aplicá-las de uma forma que seja moldada pela formação, personalidade e competência do pregador, bem como pela audiência e a situação a qual ele se dirige. Na pregação, a Escritura não é simplesmente lida, mas “manejada” (2 Timóteo 2.15). Suas ideias são processadas, organizadas, reformuladas e aplicadas pelo pregador. E esse é o motivo pelo qual o pregador deve constantemente se purificar e se esforçar para crescer.

Algumas instruções sobre homilética sugerem que a melhor pregação ocorre quando o ministro sai do caminho o máximo possível e permite que a Bíblia “fale por si mesma”. O método expositivo é então recomendado. Mas a melhor forma de alcançar esse efeito é fazer o ministro ler a Bíblia à sua audiência sem nenhum comentário. Isso, contudo, é ler e não pregar. A Bíblia ordena que preguemos. O ministro deve fazer contribuições decisivas para a forma e conteúdo do seu sermão. Pregar não é sair do caminho, mas sim estar bastante nele.


Nesse sentido, pregar não é deixar a Bíblia falar por si mesma, mas falar por ela. Muitos cristãos se sentem desconfortáveis com isso, mas na extensão em que nossa definição de pregação enfraquecer o papel humano, nessa mesma extensão ela também destrói a própria pregação, e também reduz a nossa responsabilidade na questão. Talvez esse seja o motivo pelo qual muitas pessoas favorecem tal definição em nome de permitir que a Bíblia fale por si mesma: faz-nos sentir como campeões da ortodoxia sem ter que assumir a responsabilidade.



Fonte: Reflections on Second Timothy

Postado por: Filipe
O que é monergismo


Monergismo (regeneração monergística) é uma benção redentora adquirida por Cristo para aqueles que o Pai lhe deu (1Pe 1.3; Jo 6.37-39).

1Pe 1.3

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
Jo 6.37-39

37 Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.

38 Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

39 E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia.



Ela comunica aquele poder na alma caída pela qual a pessoa que deve ser salva é eficazmente capacitada a responder ao chamado do evangelho (Jo 1.13).

Jo 1.13

Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.


Ela é aquele poder sobrenatural de Deus somente pelo qual nos é concedida a capacidade espiritual para cumprir as condições do pacto da graça; isto é, para apreender o Redentor por uma fé viva, para se achegar aos termos da salvação, se arrepender dos ídolos e amar a Deus e o Mediador supremamente.

O Espírito Santo, ao vivificar a alma, misericordiosamente capacita e inclina o eleito de Deus ao exercício espiritual da fé em Jesus Cristo. Este processo é o meio pelo qual o Espírito nos traz à viva união com Ele.
John Piper - A igreja Emergente
12.7.10 | Postado por: Filipe Ivo

"A Igreja emergente é uma realidade desvanecida."


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Por John Piper. © Desiring God. Website:desiringGod.org
Original:
John Piper - The emergent church. Website: youtube.com/desiringGod
Tradução: PaoeVinho.org Revisão e Legenda:
voltemosaoevangelho.com
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